Thais Immig e Leandra Cruber entrevistam Alle Amaral Paz, assessora parlamentar na Câmara de Vereadores de Santa Maria.
As eleições municipais de 2020 foram um momento histórico para Santa Maria. O número de candidatas e candidatos transexuais bateu recorde em todo o Brasil em 2020, segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais , que mapeou 271 candidaturas no país, um aumento de 195% em relação a 2016. Após o resultado da eleição, além de um aumento das candidaturas de pessoas LGBTQIA+, o cenário político da cidade passou a ser formado por quatro mulheres trans que integram o quadro de assessoras parlamentares da Câmara de Vereadores. São elas: Cilene Rossi, assessora da vereadora Marina Callegaro; Alle Paz e Stefany Rodrigues, assessoras do vereador Rudys Rodrigues; e Luiza Barros, que assessora a vereadora Luci Duartes.
Para além da representação, as assessoras significam um avanço na luta pelas oportunidades no mercado de trabalho formal e a expectativa que a chamada Casa do Povo finalmente paute políticas públicas que possam assegurar condições dignas de vida para as pessoas LGTBQIA+.
No Boca Jornalismo, iniciamos uma série de entrevistas com as assessoras para conversar sobre representação, política, vivências e, claro, o trabalho na Câmara. No primeiro programa da temporada, conversamos com a assessora Cilene Rossi. E, para dar sequência às entrevistas, nesta semana conversamos com a Alle Paz, que trabalha na equipe do vereador Rudys Rodrigues.
Além de assessora parlamentar, a Alle é acadêmica de Serviço Social e Gestão Pública e já participou de movimentos sociais que lutam, principalmente, pela vida das pessoas LGBTQIA+. Na entrevista, a assessora falou sobre a importância da participação na política institucional e de reconhecer que a realidade de grande parte das pessoas trans é de não ter oportunidades no mercado de trabalho formal e de viver às margens da sociedade, muitas vezes sem o mínimo de condições dignas de vida.
No boca a boca deste programa, Leandra indica um periódico da Editora Independente sobinfluência chamado Cardume. A editora é composta por quatro pessoas que atuam nos diversos processos de produção e que mostra que a arte não tem como ser conciliadora, ela sempre vai ser um ato de protesto contra o real. Thais recomenda o livro “Calibã e Bruxa”, da Silvia Federici que levanta uma série de questões importantes principalmente sobre dois pontos: como explicar a execução de centenas de milhares de bruxas e as consequências da ascensão do capitalismo na vida das mulheres e os reflexos do silenciamento de parte importante da história na realidade das mulheres contemporâneas.
Nosso programa vai ao ar toda segunda-feira às 19h na Rádio Armazém.